Entenda o poder do cheiro de carro novo

Dificilmente um motorista não se encanta pelo famoso cheiro de carro novo. Aliás, na vida, dá para ser “fisgado” pelo aroma em várias situações. Comida caseira, pipoca no cinema, doce predileto da infância ou por um perfume que remeta a alguém. No caso dos automóveis, essa sensação ímpar é capaz de arrebatar um potencial comprador para tomar uma decisão definitiva de aquisição. E não há nada de aleatório nisso.

A osmologia, que trata dos aromas, é uma realidade no mundo automotivo. A dosagem do cheiro de carro novo é estudada de forma bem criteriosa, como explica Flavia Bassani, gestora de Unidade do Centro Tecnológico de Materiais Polímeros da Volkswagen do Brasil.

“Nosso desafio é fazer com que a mistura de odores seja tão agradável que se torne desejada por nossos clientes. Por isso, há normas e padrões que determinam o cheiro de um veículo nosso”, argumenta. “Nesse trabalho, não só consideramos o tipo de odor encontrado, como a intensidade do mesmo. Pois não adianta termos um cheiro gostoso dentro do veículo, como o do couro, por exemplo, se o mesmo for forte demais”.

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Combinação de elementos

Flavia destaca que o conhecido aroma, na verdade, é fruto de uma combinação de elementos. “É uma mistura de todos os materiais que compõem o interior do veículo, como couro, borrachas, espumas, tecidos, entre outros. Realizamos o controle dos odores de cada peça que compõe o acabamento interno do veículo para obter um resultado agradável e de bem-estar”.

Sensação, emoção, decisão

Pois o poder de sedução imposto pelo aroma de um veículo novo é inegável. Existe até quem identifique determinados carros pelo odor que exalam. Aliás, os sentidos aguçados são sim capazes de mover uma decisão de compra, como explica Alexandre Slivnik, especialista em Gestão de Pessoas e diretor da Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD).

“Toda decisão de compra é emocional. Ou seja, é preciso pegar as emoções dos clientes. E o que desperta isso é a sensação. Algumas pessoas são mais olfativas, outras são mais auditivas. As sensações são diferentes em cada pessoa. E o cheiro de carro novo é algo muito peculiar”, argumenta. “É sensação, que gera emoção, que gera decisão”.

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Status

Por sua vez, o neurocientista Aristides Brito enfatiza a sensação de status, ampliada pelo aroma, de quem adquire um carro novo. “A ligação emocional que fazemos é de conquista, realização pessoal, status. E o odor de carro novo leva a esse estado emocional. Então a pessoa se considera poderosa dentro desse veículo”.

Entretanto, o problema é quando esse encantamento sensorial provoca uma compra, digamos, intempestiva, com valores e condições bem distantes do ideal. “O que mais a indústria quer é que a compra seja pela emoção, quanto mais razão estiver em jogo, mais objeções se criam. Então, no caso do consumidor, é evitar ir apenas pelo emocional e não comprar por impulso, por mais atraente que aquela situação se apresente”.

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Alternativas e uma certeza

Já existem alternativas no mercado para perpetuar essa sensação. São os aromatizadores. Não é totalmente igual, mas trazem odores capazes de agradar e passar boas sensações, como florais, por exemplo.

Pois uma coisa é certa: os fabricantes sabem que essa experiência sensorial ligada ao olfato é capaz de conquistar. Como um perfume que marca aquela pessoa especial.

“Acredito que, quando as pessoas compram um veículo novo, elas realmente esperam que ele venha com o cheiro tão esperado. Mas o retorno não pode ser diferente da expectativa, pois não existe uma fórmula para eliminação do odor, e também não há como mantê-lo por um longo período. Portanto, o que fazemos hoje é controlá-lo para que esteja sempre agradável, como o cliente espera”, finaliza Flavia.